Fala-vos Daniel Bervian, e este é meu primeiro post neste blog. 
Seguindo os posts do Brasil Open (o primeiro foi este aqui), vou comentar como foi cada dia do torneio para mim. Um relato de experiência pessoal obviamente. Como cheguei a SP na quinta, meu primeiro dia de jogos foi na sexta. 
  Havia dormido apenas duas horas na noite anterior (roncos ao lado, ansiedade e etc), e para evitar a fadiga fui de táxi ao ginásio. Chegando lá, fui orientado a entrar pelos portões 4 ou 8, locais que davam acesso a quem tinha ingressos para a cadeira superior. 
  Fui ao portão 4, onde encontrei o Henrique Simoões (ou quem desconfiava que era o Henrique). Eu estava em um lado da fila, e ele do outro. Ficamos-nos “estudando” durante aproximadamente 5 minutos. Se alguém reparou deve ter pensado que estávamos flertando. Fui ao outro lado da fila. Melhor dizendo, fui para a fila, porque o lado em que eu estava não dava acesso ao ginásio, pois não havia ninguém monitorando as entradas. Parei-me na sombra, pois o final da fila já estava coberto pelo sol, e como faltavam 20 minutos para serem abertos os acessos ao ginásio, seria tempo suficiente para minha pele de queijo virar pele de tomate. 
  Como estava próximo ao suposto Henrique, um olhou para o outro e nos cumprimentamos. Sim, éramos nós (LOL).  O pai dele estava também, nos cumprimentamos e entramos no ginásio. 
|  | 
| Visão da cadeira superior. Ótima | 
  Apesar de vários testemunhos de que a visão da cadeira superior era muito boa, teimávamos em acreditar que a mesma não seria lá essas coisas, de forma que sentamos na terceira fileira de baixo para cima. A visão não era muito boa mesmo. Era ótima. Algumas coisas nós só acreditamos vendo mesmo. Arrisco-me a dizer que em 2013 os ingressos para cadeira superior acabarão antes dos da cadeira inferior. O custo benefício é incomparável. 
Era minha primeira vez (em um torneio de tênis ao vivo), então era muito prazeroso, e ao mesmo tempo estranho ver aqueles caras batendo bola na minha frente, quando antes só os via pela televisão. É tudo muito mais claro. A potência dos golpes, a plasticidade, a reação dos jogadores a cada ponto, o esforço para chegar a bolas difíceis, cada detalhe a pouco mais de 30 metros  de nossos olhos.
Os jogos da rodada diurna
Almagro X Berlocq
Almagro e Berlocq faziam o primeiro jogo do dia. O argentino começou a partida equilibrando o confronto contra o espanhol, mas a partir da metade da primeira parcial Almagro, ou Almalove, como queiram, tomou conta do confronto e fechou em 6-3 6-2.  A  partida naturalmente não teve muita emoção, mas viu-se a consistência de Almagro no saibro, que não a toa tem 456 títulos nesta superfície e está próximo do top-10 baseando seu calendário em inúmeros torneios na terra batida, pois na superfície rápida sabemos do que ele é capaz. Ou melhor, do que ele não é capaz. :D
Verdasco X Ramos
E dale espanholada. Verdasco e Ramos fizeram um jogo um pouco mais interessante que o anterior. Verdasco vinha de uma grande reação na partida de estréia frente seu compatriota Marti, mas vinha com alguns problemas físicos, que se pronunciaram a partir do final do primeiro set. O “amigo” de Feliciano Lopez abriu 4-1 na primeira parcial, mas verdascou permitiu a reação de seu compatriota que venceu o primeiro set no tie-break. 
Destaque para algumas moças que gritavam com um sotaque engraçado em incentivo para Verdasco:
- Vamos Fernando! Vamos Fernando!
Não adiantou. O favorito espanhol jogou de forma extremamente agressiva o tempo todo no segundo set, procurando ao máximo encurtar os pontos para poupar o físico, mas obviamente a tática suicida (mas que era sua única chance), não deu certa e Ramos venceu a segunda parcial e o jogo. 
De qualquer forma foi muito interessante ver a potência dos golpes de Verdasco, que com uma cabecinha melhor seria certamente um top-10 ou top-15 consistente, pois seu físico é também fantástico. Ramos não tem nada de muito especial em seu jogo, e falta-lhe um maior poder de definição. Não é um passador de bolas, mas também não consegue imprimir muita agressividade. 
  Como depois dos jogos de simples havia uma partida de duplas antes da rodada noturna, resolvemos almoçar. Eram 4 ou 4:30 da tarde.
Encontramo-nos com um pessoal lá fora. (Claudio, Fernanda, amigos da Fernanda, Talita, Pedro, e acho que não esqueci ninguém) Algumas considerações importantes:
1 - Talita se tornou a pessoa de numero 1512 a  me cumprimentar e dizer que sou grande.
2- Pedro veio logo se apresentando:
- Eu sou o Seu Madruga. (que é sua foto no perfil do facebook)
Galera reunida, fomos almoçar e bater um papo. Sobre o que conversamos? Bom, assim como em  Las Vegas , o que acontece nos arredores do Ibirapuera, fica nos arredores do Ibirapuera. 
Rodada Noturna
A rodada noturna prometia ser ainda melhor que a diurna. E realmente foi.
Nalbandian X Volandri
O talentosíssimo argentino e o italiano da esquerda a uma mão fantástica (que naquele dia foi mais fantástica que o normal) faziam o primeiro jogo.
A partida começou com Nalbandian impondo-se, e parecia que seria um passeio do argentino. Volandri jogava bem, mas el gordito estava ainda melhor. Foi certamente a melhor partida do Brasil Open. Eram raros os games que não contavam com ao menos duas jogadas de alto nível, terminando na maioria das vezes com um winner. Volandri foi equilibrando a partida e levou ao terceiro set, onde o jogo ficou totalmente aberto. O italiano aproveitou melhor as chances e venceu.
Foi talvez a melhor partida de Volandri em sua carreira, ou com certeza uma das cinco melhores. Nalbandian estava atuando em alto nível, mais ou menos no mesmo patamar em que vinha jogando desde o inicio do torneio, o que engrandece ainda mais o feito de Filippo. 
Um dos momentos mais marcantes do jogo foi quando Nalbandian salvou um match point com um voleio voador logo após o saque. Incrível. Ao mesmo tempo em que aplaudíamos a jogada em êxtase, chamávamos o argentino de maluco.
Alguns detalhes: 
A torcida aplaudia naturalmente as belas jogadas de Volandri, no entanto estavam quase todos torcendo por Nalba. Sim, um argentino. O que prova mais uma vez que rivalidade entre Brasil e Argentina é uma besteira. O povo quer ver espetáculo, independente de ser um argentino, brasileiro, francês ou o raio que o parta. 
Os argentinos chamam carinhosamente Nalbandian de El Gordo. Mas no ginásio estávamos ressabiados em gritar VAMOS  GORDO
Bellucci X Mayer
Esse jogo tinha naturalmente um ingrediente a mais. A emoção, tensão. Assistir a uma partida de um brasileiro pode ser muito prazeroso, ou altamente frustrante. O confronto começou com um nível técnico absurdamente ruim. Thomaz perdeu o saque no segundo game se não me falha a memória, e Mayer sacou muito bem para levar a primeira parcial. O primeiro dos poucos winners do brasileiro só foi aparecer no 3º ou 4º game. A grande maioria dos pontos de ambos os jogadores vinham de erros não forçados do oponente. 
O segundo set começou com Thomaz e a torcida pressionando o argentino. Entre gritos de Maricon e “aplausos” para Mayer entre o primeiro e segundo serviço deste, Leonardo se abalou, Bellucci passou a jogar melhor e venceu a segunda parcial.
O clima era muito hostil para Mayer, bastante desrespeitoso. O argentino é também uma mala sem alça, o que ajudou. Tanto que frente Volandri não houve clima hostil quando este enfrentou Bellucci. Não que a atitude frente o argentino tenha sido correta obviamente. O terceiro set começou com Mayer quebrando o saque de Bellucci, para desanimo da torcida presente. Mas rapidamente voltamos a apoiar Thomaz em busca da quebra que devolvesse a igualdade. Quebra esta que veio apenas no ultimo game, para delírio do publico. Bellucci ainda teve de salvar um break point antes de confirmar e quebrar mais uma vez o saque de Mayer para vencer por 7-5, evitando o tão temido tié-break de desempate decisivo, onde o paulista tem um aproveitamento horrível. 
A seguir o vídeo do momento em que Bellucci  quebrou o serviço de Mayer para retomar a igualdade no terceiro set. (gravado por mim, não reparem na qualidade com selo teck-pick de qualidade)
Thomaz agradeceu o publico, e disse que hoje não teria vencido sem ele. E não teria mesmo. Foi a torcida que manteve Bellucci no jogo quando este já pensava em abaixar a cabeça como tantas vezes o fez. Foi a torcida que manteve a energia de Thomaz em alta, algo que deveria ser natural para o paulista de Tietê ou qualquer outro esportista, e é uma das coisas que separa os homens dos meninos.
Enfim, eram 02:00 da manhã e a adrenalina ainda estava lá em cima. Entrei  na internet e só fui dormir as 03:00. Neste ponto temos que concordar com o Thomaz. Ele deve ter demorado a pegar no sono na sexta para o sábado, e como era tarde não era possível dormir tantas horas, visto o jogador precisar levantar algumas horas antes da partida para preparar-se, bater uma bolinha, alimentar-se bem e etc. 
As 08:00 de sábado estava novamente de pé para mais um dia de torneio, mas isso é assunto para o próximo post. 




 

0 comentários:
Postar um comentário